terça-feira, 5 de maio de 2009

BOCAGE Séc. XVIII

Fiquei horrorizada ao ver essas poesias do século XVIII

Não lamentes, oh Nise, o teu estado;

Puta tem sido muita gente boa;

Putíssimas fidalgas tem Lisboa,

Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta dum soldado;

Cleópatra por puta alcança a c'roa;

Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,

O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,

Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)

Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:

Não fiques, pois, oh Nise, duvidosa

Que isto de virgo e honra é tudo peta


É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
 
Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
 
À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
 
Para carvalho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.


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